Na Chapada Diamantina e arredores (centro-sul da Bahia), as altitudes elevadas (acima de 800–1.000 m) e o manejo tradicional geram cafés encorpados, adocicados, com acidez cítrica viva e notas de nozes e chocolate. Em outubro de 2024, a região obteve sua primeira Denominação de Origem (DO Chapada Diamantina) graças a esses atributos únicos.
Cidades: Regiao inserida nos arredores da Chapada Diamantina (Bahia), abrangendo 24 municípios (por ex. Lençóis, Palmeiras, Mucugê, Iraquara, Abaíra, Itacarambi, Rio de Contas, Utinga, Wagner, etc.). A área delimitada da DO “Café Chapada Diamantina” engloba esses municípios baianos no Planalto.
Características: As fazendas certificadas ficam em altitudes elevadas (mínimo 850 m, geralmente entre 1.000–1.300 m). Clima temperado de montanha, com verões chuvosos e invernos relativamente secos e frios à noite. Os solos são férteis, bem drenados e ricos em matéria orgânica (região de serras e vales). Essa combinação de altitude, clima ameno e solos nutritivos gera cafés especiais complexos. Não há geadas frequentes na área.
Variedades: Principalmente cultivares tardias e aromáticas, tais como Bourbon (amarelo/vermelho), Catuaí, Obatã e Mundo Novo. A ênfase é em tipos tradicionais que valorizam doçura e acidez cítrica. O terroir permite notas frutadas (frutas vermelhas), de mel, cacau e especiarias nos cafés.
Processamento: Muitos produtores adotam processamento lavado (úmido) para destacar acidez e limpidez, embora cafés naturais (secagem com a cereja) também sejam feitos em menor escala. As boas práticas incluem colheita manual seletiva, secagem cuidadosa em terreiro ou secador, garantindo limpeza e padronização. Há certificação de qualidade sensorial (mínimo 80 pts SCA) conforme DO Chapada Diamantina.
Certificações: Em 2024 foi concedida pelo INPI a Denominação de Origem (DO) para o Café da Chapada Diamantina. Esse registro (primeiro DO de café da Bahia) reforça a procedência e a tradição local. Produtores locais já vinham ganhando prêmios em competições nacionais e hoje buscam também selos sociais/ambientais e rastreabilidade.
História: O café na Chapada Diamantina cresceu significativamente no século XX, após a decadência da mineração de diamantes. Desde o início do século passado a região aproveita seu microclima de altitude para café arábica de alta qualidade. Nos últimos anos, o cultivo ampliou-se com técnicas sustentáveis (orgânico, sombreamento etc.) e forte apoio do Sebrae. A IG atual consolida gerações de produtores e abre portas para mercados exigentes.
Produtores: O principal grupo regional é a Associação Aliança dos Cafeicultores da Chapada Diamantina (AACCD), responsável pelo processo de IG/DO (registro INPI 2024). Fazendas locais familiares produzem pequenos lotes premiados (muitos cafés da Chapada figuraram entre os melhores do Brasil). Cooperativas e torrefações artesanais da região também são reconhecidas.
Fato característico: O café da Chapada Diamantina é reconhecido por ser particularmente “encorpado, adocicado, com acidez cítrica e notas de nozes e chocolate” – um perfil sensoriel único que justifica a criação da DO em 2024.